me lembro...

das histórias do meu pai. Nunca abriu um livro para nós, mas para tudo tinha história. Havia a menina que não comia e virava uma vassoura de tão magra. Havia a menina que não dormia e o olho ficava pregado sem nunca mais conseguir fechar . Havia a menina dourada que tinha um castelo dourado, um cachorro dourado, as roupas douradas etc. Havia os policiais coronel doce e capitão salgado que visitavam quartos bagunçados. Havia muitas e muitas outras personagens e histórias. Hoje, entendo que para cada dificuldade que ele tinha ao criar eu e minha irmã, para cada ordem que ele dava e não atendíamos, ele usava as histórias como solução. Foram muitas histórias e muitas broncas. Mas me lembro mais dos conteúdos das histórias e menos das broncas. Até hoje é uma pessoa cheia de imaginação, que conta histórias para todos (adultos e crianças). Ninguém da família sabe quando ele está falando algo real ou quando é mais uma história inventada. Para o neto e para outras crianças da família as histórias agradam e para as filhas e sobrinhos são lembranças de um ótimo tempo de infância.